Os enlatados estão ficando indigestos
A globalização é um termo utilizado para vários
âmbitos entre eles: econômico, político e cultural. Este termo carrega um
idealismo de unidade entre nações, às facilidades nas transações de mercado, na
troca de informações fazem parte deste projeto de um mundo globalizado.
Os países considerados “desenvolvidos” utilizam o
termo globalização para amenizar o estilo de expropriação nos países
considerados “menos desenvolvidos”, uma ferramenta para esta amenização, e que
as formas de consumo sejam as mais parecidas possíveis. Para que esse tipo de
padronização de consumo possa ser alcançado à mídia é uma grande porta para
isso. Como a TV é considerada a mídia que tem maior penetração nos lares de
vários países, ela é o grande suporte para o que considero “domesticação
cultural”. “A programação de uma TV que faz parte desta domesticação tem que
está repleto de conteúdos e enlatados”, que são programas feitos em países
como: Estados Unidos, Inglaterra, Espanha entre outros, que sofrem adaptações
para que possam ser transmitidos por emissoras dos países subdesenvolvidos.
Em algumas vezes, estes enlatados não sofrem
modificação nenhuma, sendo feita uma cópia do programa original. São recorrentes
as opiniões de produtores e diretores de emissoras, que a escolha pelos
conteúdos enlatados é explicada pelo seu retorno financeiro, a audiência destes
produtos é enorme. A relação do Brasil com os enlatados não é nova, desde a
década de 60 que as emissoras transmitem estes conteúdos, neste tempo era forte
a exibição de séries, além dos filmes claro.
De 2000 para o ano atual, os realities shows, talk shows, tomaram conta da TV Brasileira, no
caso do primeiro citado, acontece uma grande discussão atualmente, um produto
totalmente feito para servir como vitrine de publicidades, contribui para algo
nos lares brasileiros. É claro que o direito de assisti o que quer é um
direito. Porém, a partir do momento em que qualquer conteúdo é veiculado na TV
aberta, este produto sofre uma responsabilidade enorme.
A construção de um programa desvinculado de moldes
estrangeiros, não é fácil, e, além disso, o apoio é mínimo. Até porque é mais
fácil a emissora investir em um conteúdo pronto que já sebe que vai dar certo,
do que em algo novo, cujo é uma incógnita. Quem abraça mais esta causa de
programas locais são as TVs públicas, porque a audiência não é uma preocupação
inerente.
Contudo, existem ótimas produções locais
principalmente feitos por produtoras independentes que dão certo. Um exemplo
deste é o antigo programa sopa diário, que era comandado por Roger De Renor, que
hoje é presidente da TV Pernambuco canal 46. O programa é uma mescla de vários
assuntos e sempre tinha uma banda fazendo uma espécie de Pocket Show, e
convidados que debatiam sobre diversos temas, muitos destes que não figuravam
nas pautas de nenhum jornal. O sopa era bem comentado na roda de bares, entre
amigos e principalmente no meio artístico, já que o tema produção cultural
local era o cargo chefe da maioria dos programas. Porém, tudo o que é bom (isso
na minha super humilde e de vez enquanto, criticada, opinião) dura pouco.
São aquelas desculpas de sempre, o lucro não compensa
os gastos, vamos dar uma reformulada na grade de horário, queremos dar
oportunidade a outros projetos e ..., bem, ainda há esperança no fim deste
túnel, recentemente foi uma lei aprovada no congresso, que obriga as TVs por
assinatura a destinarem 60% de sua grade de horário para programas locais,
ainda falta passar pelo senado e que a querida presidenta aprove, mas já causou
a maior discussão, entre os donos dessas TVs e o governo. Só para lembrar, o
direito de transmissão é obtido por meio de uma concessão pública, ou seja o
povo que deve( ou pelo menos deveria), conceder essas concessões.
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