domingo, 7 de fevereiro de 2010

Impressões da Primeira Visita

A primeira visita ao bairro da Várzea, para o prévio conhecimento do alcance atual da pesquisa e os caminhos já trilhados, propiciou a descoberta de uma área extremamente heterogênea. Através de poucos passos alcançávamos espaços totalmente diferentes entre si. Iniciamos a visita percorrendo uma comunidade denominada Campo do Banco, vítima de várias carências. Muito lixo na rua, casas apertadas, áreas sem saneamento básico, esgoto correndo a céu aberto são características que compõem o cenário da comunidade. Visitamos o campo que originou o nome da comunidade e nos foi repassado a sua importância como centro principal de sociabilidade e a importância conferida ao mesmo pelos habitantes da comunidade, que já se articularam para evitar que o campo fosse extinto. Dentro de tal cenário visualizei alguns grafites, inclusive um possuía uma mensagem: só a periferia pode salvar a periferia, que talvez reflita uma condição já reconhecida por parte da comunidade. A presença dos grafites com mensagens desse teor comprovavam a existência de uma reação articulada, ainda que reduzida, um reconhecimento da impossibilidade de alcance duma cidadania plena dentro das atuais condições do Campo do Banco. A existência da Casa 99 é outro fato que depõem a favor da existência de um mecanismo de articulação a partir da construção da própria comunidade. Soubemos da ausência de uma sede para a associação de moradores, porém as reuniões acontecem ainda que altamente prejudicadas. Saímos do Campo do Banco e começamos a percorrer a “Várzea Histórica”, povoada por casarões, sedes religiosas, conjuntos habitacionais e com grandes porções de terras pertencentes à igreja e a família Brennand. Foi repassada a informação da existência de uma quantidade de manifestações culturais embasadas na historicidade da Várzea. Em alguns momentos quando caminhava eu percebia certo bucolismo colonial. Pelas as impressões já apresentadas percebe-se o abismo entre o Campo do Banco e a “Várzea Histórica”. Finalizamos a visita na praça da Várzea, centro social do bairro e palco da multiplicidade cultural, onde o maracatu espera acabar o culto para iniciar seus batuques. Diante de tal heterogeneidade e possível imaginar uma bairro desconexo, onde a saudade do passado oculta a carência do presente.

Diego Bezerra

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